quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A Arte de David Lynch

O Cinema dos Sonhos 

(imagem da web)

"As ideias são como peixes. Se quisermos capturar peixes pequenos, podemos ficar pelas águas pouco profundas. Mas, se quisermos capturar os peixes grandes, temos que ir mais fundo. Nas águas profundas, os peixes são mais poderosos e mais puros. São enormes e abstratos. E são muito bonitos."

David Lynch é, sem dúvida nenhuma, a melhor expressão de suas narrativas.


Lynch não é apenas um diretor de cinema com a incrível capacidade de transformar a imagem em arte, ele também faz pinturas, fotografias, esculturas, desenhos, animações e música.


Nascido em 20 de janeiro de 1946, numa cidadezinha nos Estados Unidos (Missoula, Montana), ele conta que aos 14 anos teve seu primeiro contato com arte através do desenho e logo aos 19 anos ingressou na Academia de Belas Artes da Pensilvânia. Começando com pinturas abstratas, seus quadros logo ganharam um ar mórbido, enquanto esperava a tinta secar uma mariposa bate na tela e se gruda nela, ficando ali até morrer. A ideia da dicotomia entre o vivo (a mariposa) e o morto (a pintura) foi arrebatadora e Lynch passou a criar quadros sempre usando objetos do mundo real como animais mortos, folhas secas e até pedaços de carne.


Quando percebeu que as artes plásticas tinham a limitação do movimento, David Lynch então criou seu primeiro curta-metragem (Six Figures Getting Sick, 1966), uma animação onde seis cabeças esculpidas por ele vomitavam seis vezes. Outros dois curtas vieram depois: The Alphabet (1968) e Grandmother (1970).
Ainda na Filadélfia, a gravidez inesperada de sua namorada na época, foi um acontecimento tortuoso e angustiante, a obrigação do casamento lhe parecia um pesadelo claustrofóbico e se misturava a paisagem fria e industrial da Pensilvânia. Sentindo ter perdido o tato com a realidade, David Lynch então criou seu primeiro longa-metragem, EraserHead (1976), que conta a história de Henry, um operário de fábrica que fica preso a um mundo sem sentido quando descobre que sua namorada está grávida. Este longa logo se tornou um cult e atraiu a atenção do produtor Mel Brooks, que o contratou imediatamente e dessa parceria surgiu o filme O Homem Elefante (1980), que lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Diretor.


Mas Lynch nunca se adaptou ao modelo Hollywoodiano, desenvolvendo seu próprio sistema de fazer filmes autorais, com características inconfundíveis que muitos chamam de “Lyncheanas”. Quadro a quadro é possível reconhecer seu estilo, o som é o elemento principal que joga o espectador direto no clima da cena e a direção de arte é trabalhada com perfeição para desenhar o clímax da imagem, com jogo de luz e sombra e uso de cores marcantes como vermelho.


Os personagens lyncheanos são sempre bem construídos com a projeção do indivíduo duplo, para realçar a sensação imaginária do que se gostaria de ser ou daquilo que se quer esconder e assim recriar a realidade.
São muitos os aspectos que impressionam na obra de David Lynch, ele é um inquieto artista multimídia, que se equilibra entre projetos variados. Sua última obra é Idem Paris (2012), um curta-metragem filmado em uma gráfica especializada em litografia, fundada em 1880 em Paris e foi frequentada por Picasso, Matisse e Miró.


Idem Paris é uma metáfora ao consumo em massa da arte, através da máquina de impressão, uma verdadeira viagem ao processo artístico. O curta pode ser visto na internet na página do You Tube.
Site Oficial: www.davidlynch.com


Silencio Club

(imagem da web)
 
Totalmente inspirado no filme Mulholland Drive, o bar e restaurante Silencio Club foi idealizado e projetado pelo cineasta David Lynch, que escolheu o endereço em Paris para reproduzir o clima misterioso e sombrio do filme.
O Silencio Club fica na Rue Montmartre 142, num subsolo seis andares abaixo, onde segundo lenda, está enterrado o dramaturgo Molière.
A decoração aposta nos espelhos recortados para provocar distorção das dimensões e criar um jogo de ilusões.


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