quarta-feira, 12 de junho de 2013

As Vozes da Cinemateca Brasileira


(imagem Maria Fernanda De Biaggi)


Sempre que ultrapassamos os portões de entrada da Cinemateca, experimentamos uma viagem aos sentidos mais profundos. É o início de uma aventura com descobertas pela história perdida, onde o olhar é conduzido pelo eco dos sons que vem do passado.

Suas paredes estão de pé desde 1887, no Largo Senador Raul Cardoso, na Vila Clementino em São Paulo, nesta época o endereço pertencia ao imponente Matadouro Municipal e ainda não se via nenhum filme por lá. A construção do Matadouro foi uma das mais importantes obras feitas naquele tempo, e foi considerada por arquitetos, como a segunda construção de São Paulo, porque desenvolveu muito a região com linhas de bonde, construídas para facilitar a ligação com a Vila Mariana. O Matadouro abastecia a comilança da cidade inteira e também era um espaço ritualístico, alguns moradores do bairro se reuniam ali muitas vezes, para ver o abate dos animais e bebericar do seu sangue, pois acreditavam trazer boa saúde. Em 1927 o monumental prédio do Matadouro foi fechado e mais tarde, em 1983, tombado como patrimônio histórico.

Mas foi só em 1992, quando a Prefeitura cedeu o edifício histórico do Matadouro Municipal à Cinemateca Brasileira , que as histórias se cruzaram e os galpões que antes abrigavam as boiadas, foram tomados pela arte em película.


(imagem Maria Fernanda De Biaggi)


O projeto de restauração foi comandado pelo arquiteto Nelson Dupré e transformou o Matadouro em Cinemateca, sem descartar suas características originais, provocando um encontro encantador entre os mundos. Isso fica muito claro quando olhamos ao redor.  Num dos salões de eventos, enquanto se visita alguma exposição, existe um piso de vidro e é possível ver abaixo, os trilhos por onde passavam os animais que seriam abatidos. São imagens que vão mixando diversas sensações no visitante.

Para as exibições de filmes, dois galpões foram reestruturados para receber a Sala Cinemateca/Petrobrás e a Sala Cinemateca/BNDES, circularam por lá no ano passado, mais de 60 mil espectadores, que se dividiram entre Mostras e Atividades, explorando esse ambiente antropofágico.

Reconhecida por sua grandiosidade, a Cinemateca Brasileira possui o maior acervo de material audiovisual da América Latina, são 200 mil rolos de filmes, além dos arquivos de documentos como, roteiros originais, livros, revistas, fotografias e cartazes, um verdadeiro santuário da sétima arte.

A trajetória de importantes cineastas brasileiros, também está cravada nesses muros históricos. É o caso de Jairo Ferreira, um devorador de filmes, que foi o criador do Cinema de Invenção. Ele gostava de dizer que sequestrava a Cinemateca com um bando de amigos, para suas inspirações e exibições.

Percorrer esse espaço mágico, inevitavelmente, surpreende. Vida longa à Cinemateca Brasileira!



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