sexta-feira, 17 de maio de 2013

Zé do Caixão, Meio Século de Horror

(imagem núcleo ponto q)


“A quem pertence a Terra? A Deus? Ao Diabo? Ou aos espíritos desencarnados? Não!! A Terra pertence a pureza e a inocência das crianças. Pena que quando crescem tornam-se imbecis. Graças ao Sistema!”

Zé do Caixão com sua fala penetrante é o mais importante personagem multimídia nascido do cinema nacional, criado brilhantemente pelo cineasta José Mojica Marins.

Além das produções cinematográficas, Zé do Caixão também foi protagonista em programas de TV, revistas em quadrinhos, livros, videoclipes e programas de rádio. 


Este ano o personagem Zé do Caixão completa 50 anos de história, vamos contar um pouco dessa trajetória e também destacar sua  turnê épica comemorativa e de despedida, que será marcada por Workshop de Cinema e Interpretação. Estivemos em sua estréia em São Paulo para conferir.

(imagem núcleo ponto q)

Um pesadelo, em 1963, onde era levado por ele mesmo até sua própria cova, foi a principal inspiração de Mojica para criar Josefel Zanatas, o Zé do Caixão.


Em 1964 o filme “À meia-noite levarei sua Alma” trouxe a primeira aparição de Zé do Caixão, um temido coveiro sádico, que tinha a obsessão de trazer ao mundo um filho com a perfeição de perpetuar seu sangue e lhe garantir a eternidade. O filme foi sucesso de bilheteria, era apenas o começo. Em 1967 veio a continuação da saga com o filme “Esta noite encarnarei em teu Cadáver”, onde Zé do Caixão, ainda na busca da imortalidade através do sangue, tortura violentamente muitas vítimas e uma delas jura que encarnará o seu corpo. A trilogia se completou com o filme “A Encarnação do Demônio” que teve seu roteiro escrito por Mojica em 1966 e foi lançado em 2008, com a trama renovada e adaptada para a paisagem urbana da Cidade de São Paulo.


O cinema autoral de Mojica trouxe na figura de Zé do Caixão elementos e temas inovadores para a cena brasileira, seu conteúdo explicitamente violento e perturbador misturado a uma estética de filmagem incrivelmente criativa para a época, gerou uma nova forma de se pensar  e de se fazer cinema no Brasil.


A censura sempre atacou ferozmente os filmes de Mojica, seu longa-metragem “O Despertar da Besta”, que também trazia o personagem Zé do Caixão, foi objurgado por mais de dez anos, só podendo ser exibido em 1983, após ter o título alterado para “O Ritual dos Sádicos”.


O carismático José Mojica nos contou que começou a se interessar por cinema muito cedo, aos quatro anos já via filmes com Boris Karloff e Bela Lugosi, aos oito dirigiu e atuou em seu primeiro filme intitulado “Reino Sangrento”.

O cineasta acredita que o cinema nacional de hoje não explora todos os níveis da criatividade que poderia, lamenta a falta de conteúdos inovadores, mesmo com todos os recursos tecnológicos atuais.
 

(imagem núcleo ponto q)

O gênio total do terror celebrando meio século de seu personagem mais marcante, afirma que não tem um sucessor, lamenta que muitos tentam imitá-lo apenas em seus trajes, mas ainda não reconheceu nada que pudesse chamar a sua atenção.


A jornada de Zé do Caixão com seu tradicional Workshop pretende passar por várias cidades, sendo também uma oportunidade única para fãs, estudantes de cinema, cineastas e admiradores.

O lançamento da turnê aconteceu no Tênis Clube Paulista em São Paulo, no bairro do Paraíso, próximo a Vila Mariana, onde nasceu o mestre do horror. Entre os dias 12 e 14 de abril foi realizado o primeiro workshop da turnê. 


(Mojica assina tatuagem de fã - imagem núcleo ponto q)

Cercado por entusiastas de seu Cinema, Mojica regeu um workshop intimista, onde abusou das técnicas de improviso. Os participantes foram convidados a exercitar a criatividade em cenas improvisadas e com tema livre.

Mesmo sem contar com uma grande produção, o cineasta performático levou sua mensagem aos que marcaram presença neste encontro. Zé do Caixão alerta : " Quem não aparece, desaparece ! "





(imagem núcleo ponto q )



 

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