“Peter
Greenaway, O Cozinheiro”
(imagem da web)
“O
Cinema está morto.” Esta é uma das falas mais emblemáticas do extravagante
cineasta britânico Peter Greenaway, que usa sua paixão pela pintura para compor
visualmente seus filmes com inconfundível linguagem poética.
No ano de 1962 ele começou
os estudos no Walthamstow College of Art, e logo fez amizade com Ian
Dury, um estudante de música, (a quem mais tarde convidaria para fazer o filme The
Cook, the Thief, His Wife & Her Lover( O Cozinheiro, O Ladrão, Sua Mulher e
o Amante). Greenaway passou três anos em Walthamstow estudando para ser um
pintor muralista e realizou seu primeiro filme, Morte do Sentimento, um ensaio sobre
móveis de jardim de igrejas.
A partir de 1965 Greenaway
juntou-se ao Central Office of Information, onde passou os quinze anos
seguintes trabalhando, inicialmente como editor de filmes e como diretor.
Depois de muitos curtas - metragem experimentais, nasceram os longas.
Os filmes de Peter Greenaway
são marcantes pela presença de elementos da arte renascentista e barroca, pelo uso
de luz natural, compondo cada cena de seus filmes como se fossem pinturas.
Greenaway também sempre se interessou por ópera tendo escrito dez libretos, ele
mesmo, para uma série nomeada "A Morte do Compositor",
enfocando dez compositores, de Anton Webern a John Lennon.
Sua incrível versatilidade
artística também o levou a criar a ópera dos 100 Objetos para Representar o
Mundo, que esteve exposta no Brasil em 1998 no SESC Vila Mariana. Esta obra é
uma crítica a NASA, que em sua insuperável arrogância americana enviou ao
espaço em 1977, uma nave com objetos que representassem os habitantes da terra.
Então Greenaway lançou a pergunta que deu origem a obra: Mas como representar a
todos dentro de todas as diversidades ?
Revolucionário no cinema,
Peter Greenaway contesta as histórias e tramas feitas através do texto
ilustrativo, e como um entusiasta da pintura faz da imagem uma prioridade para
a criação de seus filmes. Sua subversão ao estruturalismo formal, abre os
portais para uma viagem do espectador a um mundo imagético carregado de
sensibilidade.
Para nossa devoração
cinematográfica, vamos destacar sua obra mais antropofágica, o filme O
Cozinheiro, O Ladrão, Sua Mulher e O Amante de 1989, que conta a história de
Albert Spica, um Ladrão que também é o proprietário do restaurante Le
Hollandais, onde janta todas as noites com sua esposa Georgina, sempre rodeado
de bajuladores. Albert tem um comportamento grotesco com sua Mulher e trata o
Cozinheiro do restaurante de forma animalesca. Cansada das humilhações sofridas
por Albert, Georgina envolve-se ardentemente com um cliente do restaurante,
Michael, um intelectual contador de uma livraria. Descobertos em sua traição, a
Mulher e o Amante fogem com a ajuda do Cozinheiro, mesmo assim, Albert, O
Ladrão, localiza os amantes e se vinga de forma cruel, sofrendo em seguida uma
contra-vingança tramada por Georgina, sua Mulher, que o obriga a devorar um
banquete assustadoramente inesquecível.
A Estrutura do Filme traz
uma sequência de sete banquetes contados em nove dias e faz uma referência ao
Teatro Jacobino com exageros de violência, começando com um prólogo com abertura
de cortinas e finalizando com o descortinar, o que desloca o espectador a
teatralidade, lembrando a performance.
É um cinema compulsivo e
metafórico, cheio de desconstruções e apimentado de delicadezas, como só Peter
Greenaway poderia receitar.
(imagem da web)
Como a comida no restaurante, alguns podem achar difícil engolir as extravagâncias e podem achar que não é fácil aguentar as improbabilidades ..."
( Greenaway, sobre o filme O Cozinheiro, o Ladrão e sua Mulher,1989 )
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirFantástico Peter Greenaway !!!
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